sábado, dezembro 25, 2004



Entre o gasto dezembro e o florido janeiro,
entre a desmistificação e a expectativa,
tornamos a acreditar, a ser bons meninos,
e como bons meninos reclamamos a graça
dos presentes coloridos.
Nossa idade - velho ou moço - pouco importa.
Importa é nos sentirmos vivos e alvoroçados mais uma vez,
e revestidos de beleza, a exata beleza que vem
dos gestos espontâneos e do profundo instinto
de subsistir enquanto as coisas em redor
se derretem e somem como nuvens
errantes no universo estável.
Prosseguimos.
Reinauguramos.
Abrimos olhos gulosos para um sol diferente que
nos acorda para os descobrimentos.
Esta é a magia do tempo.
Esta é a colheita particular que se exprime no cálido
abraço e no beijo comungante, no acreditar na vida
e na doação de vivê-la
em perpétua procura e perpétua criação.
E já não somos apenas finitos e sós.
Somos uma fraternidade, um território, um país
que começa outra vez no canto
do galo de primeiro de janeiro e
desenvolve na luz o seu frágil projeto de
felicidade.

Carlos Drummond de Andrade©1987"Farewell" - Reinauguração

1 Comments:

Blogger Marilia Kubota said...

Muito legal publicar este poema! Olhe esta brincadeira e participe!

Cada bloguista participante tem de enunciar cinco manias suas, hábitos muito pessoais que os diferenciem do comum dos mortais. E além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher cinco outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogues aviso do "recrutamento". Ademais, cada participante deve reproduzir este "regulamento" no seu blogue.

8:35 PM  

Postar um comentário

<< Home