Vôo
(para Neyde)
Viver,
morrer,
estar aqui ou não,
importa a quem?
Levamos conosco a resposta
antes mesmo da pergunta
exposta, explícita
na totalidade das coisas
Viver ou morrer, não passa
de um abrir de asas
e um princípio de vôo.
Mãe...ou o desenho ao contrário
"...e o teu caminho e o meu caminho
é um: nem vais, nem vou.."
(Caetano Veloso, Mãe)
Era grande, clara, bonita. Fácil de achar no meio das outras, no meio de tudo. Cabelo louro, esmalte claro, olhos escuros, negros. Água-marinha, anel de pedra azul. Não tenho nada dela, a não ser talvez os olhos escuros e um jeito de olhar meio que estreitando os olhos, tudo muito vago, muito sutil.
Um rosto de traços delicados. Não sei o quanto mudou nos quase trinta anos que passamos juntas ,nem o que teria mudado nesses mais de dez. Para mim é, será, sempre o mesmo rosto, as mesmas mãos, o cheiro de tinta ou de açúcar.
Brigávamos muito e desde sempre. Coloríamos diferente nosso desenho igual. Par ou impar. Cara ou corôa. Olhávamos em direções opostas e não percebíamos que a Terra é redonda e o infinito circular.
Não desisti de dizer, mostrar, que também sei desenhar, e que, ainda que ao contrário, com a mão esquerda invertendo o papel, foi ela quem me ensinou.
(para Neyde)
Viver,
morrer,
estar aqui ou não,
importa a quem?
Levamos conosco a resposta
antes mesmo da pergunta
exposta, explícita
na totalidade das coisas
Viver ou morrer, não passa
de um abrir de asas
e um princípio de vôo.
Mãe...ou o desenho ao contrário
"...e o teu caminho e o meu caminho
é um: nem vais, nem vou.."
(Caetano Veloso, Mãe)
Era grande, clara, bonita. Fácil de achar no meio das outras, no meio de tudo. Cabelo louro, esmalte claro, olhos escuros, negros. Água-marinha, anel de pedra azul. Não tenho nada dela, a não ser talvez os olhos escuros e um jeito de olhar meio que estreitando os olhos, tudo muito vago, muito sutil.
Um rosto de traços delicados. Não sei o quanto mudou nos quase trinta anos que passamos juntas ,nem o que teria mudado nesses mais de dez. Para mim é, será, sempre o mesmo rosto, as mesmas mãos, o cheiro de tinta ou de açúcar.
Brigávamos muito e desde sempre. Coloríamos diferente nosso desenho igual. Par ou impar. Cara ou corôa. Olhávamos em direções opostas e não percebíamos que a Terra é redonda e o infinito circular.
Não desisti de dizer, mostrar, que também sei desenhar, e que, ainda que ao contrário, com a mão esquerda invertendo o papel, foi ela quem me ensinou.
2 Comments:
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Curioso, como sempre...
meio elo, meio ponte
transmissão de pensamento ou irmãs de imaginação?
antes de abrrir o seu blog eu estava pensando em cheiro de bolo, dormir com ele assando, acordar confeitado, quase pronto. a sensação de que tem sempre alguém acordada, trabalhando, enquanto a gente se desliga e dorme. ultimamente vc tem sido responsável por alguns momentos de emoções fortes e de lembranças antigas que há muito tempo não vinham à tona. não sei se isso é bom ou ruim, me faz lembrar de coisas que julgava bem guardadas. às vezes acho que é melhor esquecê-las do que suportar a sensação de que as perdi para sempre. dói...
já disse que te amo muito? Ana.
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